terça-feira, outubro 13, 2009

HOMENAGEM AO PROFESSOR



HOMENAGEM AO PROFESSOR


Se os livros alimentam o saber
O mestre proporciona-lhes sabor
Se são enigmas a resolver
O educador é o codificador.

Que seria do livro e do leitor
Sem orientador a despertar
Idéias e sentidos, corpo e cor,
Na relevante ação de mediar?

Se há na escola uma qualquer contenda
O docente é o reconciliador
Se há conflito que obstrua a senda
O mestre mostra-se apaziguador.

Que seria de uma escola sem docentes?
Salas vazias e paredes nuas
Prédio deserto, árido e silente
Portal do nada, a esmaecer nas ruas.

É que a jornada, sem apoio e guia
É trilha escura, sem norte e sem destino,
Pois falta o rumo da sabedoria,
Facho de luz, clarão para o ensino.

Sendo os alunos pássaros que tentam
Os seus primeiros vôos do saber
É pelas mãos dos mestres que alimentam
A fome insaciável de aprender.

Se, entretanto, as agruras são gaiolas
Que encarceram o aluno em estupor,
A porta que liberta é a escola
E a chave que a destranca é o professor!


Oldney Lopes©



domingo, outubro 04, 2009

BALADA POR UM ANJO



BALADA POR UM ANJO


Não sei se é anjo em forma de mulher
Ou se mulher em vulto angelical
Mas venha ela de onde vier
Recende o espaço em vórtice aromal

Não sei se é dado a mim, mortal, tocá-la
Quando a luz dos seus olhos resplandece
Mas grita o coração, e a boca cala:
Mais fecho os olhos, mais ela aparece.

Não sei se é dado a mim, mortal, beijá-la
Posto ser anjo, inatingível ser
Não sei se me percebe se ouso olhá-la
Ou se ignora e finge não me ver

Nem sei medir o tanto que a desejo
O tanto que imagino seus afagos
O tanto que eu anseio por seu beijo
O tanto de amor que no peito trago

Por isso a canto em cântico elegíaco
Numa balada de ardorosa ausência
Por ela sou loução, insão, maníaco
Mas amo amá-la, mesmo na demência.

E faço deste cântico a esperança
De tê-la um dia, talvez, nos meus braços
E de embalá-la em envolvente dança
Cobrindo-a com meus beijos e abraços!


Oldney Lopes©



RAPSÓDIA PELA DEUSA PRIMAVERA




RAPSÓDIA PELA DEUSA PRIMAVERA



Julgou ser deus, o poeta, num dia,
Sonhou criar sua deusa perfeita
Fez o mais lindo rosto na poesia
E o mais perfeito corpo em sua eleita

Bordou em versos de paixão e sonhos
A musa imaginária mais formosa
Criou em sua face olhos risonhos
E na sua pele a maciez da rosa

A fez com tanto esmero e perfeição
Fulgurando e perfumando a atmosfera
Que deu o poeta à sua criação
O nome mais florido: primavera!

Mas eis que achando-se, ainda um deus,
Tomou a criação por sua amada
E descobriu que os sentimentos seus
Eram de amor pela deusa engenhada.

De repente, era um deus que viu-se escravo
Do grande amor à deusa que criou
Que, outrora, em veste de guerreiro bravo
Diante da própria escrita, fraquejou.

Queria tê-la inteira e em pessoa
Com tal intensidade a desejava
Mas seu anseio, resultando à toa,
Jazia na vontade, ao léu ficava.

E quando, enfim, adormeceu exausto
Sobre o papel, sobre o seu próprio tema,
Senhor da criação, excelso, fausto
Entrou, em sonho, em seu próprio poema.

E lá estava ela, envolta em flores
E dentre as flores era a flor mais bela
E recendindo aromas e sabores
Compunha cores nobres de aquarela

Tomou-a nos seus braços, loucamente
Cobriu-a com afagos e carícias
Amou-a tão febril e intensamente
Bebeu da amada todas as delícias

No mundo onírico e inebriante
Em que viveu a ventura de amar
Quis ter eternamente a nova amante:
Sendo deus, resolveu não despertar

Rasgou com decisão o seu poema
Aprisionou-se no sonho em que era
Dono da felicidade mais extrema:
Ter por amante a deusa primavera!


Oldney Lopes©



ORAÇÃO PELOS MEUS OLHOS


ORAÇÃO PELOS MEUS OLHOS



Sejam meus olhos cálidos cadinhos,
Crisóis plenos de amor e de bondade,
Sejam dois fachos de serenidade,
Iluminando o chão dos meus caminhos.

Sejam duas janelas para o mundo
A receber e transmitir lições
De aprendizado e de saber fecundo
De caridades e abnegações

Sejam luzes brilhando, dia-a-dia
Proporcionando-me a sabedoria
Do progresso e do labor eficaz.

E quem olhar meus olhos veja, assim
Fulgor do brilho que resplanda em mim
De apoio, de amizade, amor e paz!



Oldney Lopes©



TEIAS E TRAMAS


TEIAS E TRAMAS


Enquanto o poeta escreve
Tece a teia leve e breve
Diversos fios de versos
De sonho e de fantasia

Lá num cantinho do teto
A aranha, feito arquiteto
Tece multifios tersos
Fazendo também poesia.

Mas vem um inseto incauto
Fica preso lá no alto
E num só golpe, um reverso,
A aranha o faz eupepsia!

É que a aranha, em sua trama
Constrói armadilha e cama:
Ardil lírico e perverso
De prazer, poesia e dor

E o poeta, no papel
Tece um pedaço de céu
Um recanto do universo
Onde faz presa o leitor...


Oldney Lopes©

Oldney Lopes - Poeta

Minha foto
Mineiro, poeta, economiário, graduado em Letras, psicopedagogo, orientador de finanças pessoais.
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