quinta-feira, julho 09, 2009

SONETO EM SI


Soneto em si e só por ser soneto
Sona sonoridades soa harpejos
Refulge nos quartetos e tercetos
Fulgor de cores esplendor de beijos

Soneto em si é sinfonia leve
Iridescente escala em si bemol
Mínima, pausa, allegro em semibreve,
Legatos, staccatos e arrebol

Num instrumento lírico em que a si
La ba sibila e brilha em tons diversos
Vai o soneto versejando e di

Ver si fi can do em rimas o universo.
Entoa a idéia em verso fulgurante:
Cada soneto em si é di-amante!


Oldney Lopes ©

ROSA


Tão delicadamente se apresenta,

Orvalhada de aromas sedutores

Faz da flor do meu anseio alma sedenta

E se compraz em provocar-me agudas dores.


É como rosa, que com seu perfume

Desperta e exulta, insinua e atrai

Mas cobra amor e paga com ciúme

Aprisionando um ser que nunca a trai.


Que amor me oferta, se fico sozinho?

Que amor me dá, se nega-me carinho?

Um tal amor que esbofeteia e beija...


Tão traiçoeiro, sórdido e mesquinho,

Mostra-se pétala, se me deseja,

E quando me aproximo faz-se espinho!


Oldney Lopes©

CARTAS



Aquelas cartas antigas de amor

Foram amarelecendo-me com o tempo

E quando, enfim, as atirei ao fogo

Queimei meu coração.



Oldney Lopes©

O MENINO



Aquele menino,
A despeito da ditadura do relógio
E das rugas do espelho,
Insiste em viver.

Vez por outra,
Sai do CTI
E salta da maca da maturidade
Pulando, sorrindo, dizendo bobagens,
Fazendo molequices.

Outras vezes
Cai na opacidade,
Torna-se frágil
E desfalece diante da severidade
Do mundo e das pessoas.

Enquanto os antigos livros
Submergem no amarelecimento dos dias
O menino,
De vez em quando,
Traz à tona
Páginas novas, brilhantes, luzentes.

Depois volta a internar-se
No hospital das cínicas veleidades sociais.

Veste a capa da circunspecção.

Adoenta-se por não poder
Gritar seus anseios,
Viver seus desvarios,
Cumprir seus sonhos.

E volta ao coma...

Quando ressurge,
Confrontando-se comigo,
Percebo o quanto permanece sempre o mesmo.

E vejo que quem se esvai,
A cada dia,
Sou eu.



Oldney Lopes©

Oldney Lopes - Poeta

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Mineiro, poeta, economiário, graduado em Letras, psicopedagogo, orientador de finanças pessoais.
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