terça-feira, janeiro 15, 2008

FINGIDOR (Diálogo com Fernando Pessoa)


Todo poeta é mesmo um fingidor,

E finge cada fúlgido momento

Faz-se Pessoa em vida e em fingimento

Faz-se persona e finge a própria dor...


É por fingir que os versos que ele envida

Trazem no fingimento a realidade

A ponto tal que torna-se verdade

O fingimento, e fingimento a vida


É porque sonha na realidade

E outras realidades sempre inventa

Que finge tanto e tão completamente:


Na tentativa inócua da verdade

O coração obstinado tenta

Porém a mente obstinada mente...


Oldney Lopes ©

COTIDIANO


Todo santo dia,

O despertador me acorda

A cama me abandona

O banho me toma

A roupa me troca

O café me engole

O ônibus me pega

O engarrafamento me prende

O relógio me atrasa

O ponto me bate

O dólar me despenca

A bolsa me arrasa

A conta me cobra

O imposto me taxa

A raiva me fica

A notícia me lê

A história me conta

A vida vai me passando

E as opiniões mudam de mim...


Oldney Lopes©

A INTRUSA


De repente apareceu você do nada

Deu-me um brilho que eu não tinha até então

De mansinho acomodou-se, viu-se amada

E aninhou-se dentro do meu coração


Deu-me estrelas, fez-se noite enluarada

De uma vida que era breu e solidão

Ressurgiu, dia após dia, em minha estrada

Como um sol iluminando a vastidão


Por eu não poder me dar aos seus carinhos

Eu tentei seguir sozinho os meus caminhos

Com a alma agrilhoada em pranto e dor


Mas sua imagem encarcera-me em prisão

Com algemas que jamais abrir-se-ão

Pois a chave que as trancou se chama amor!


Oldney Lopes ©

Oldney Lopes - Poeta

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Mineiro, poeta, economiário, graduado em Letras, psicopedagogo, orientador de finanças pessoais.
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