domingo, fevereiro 18, 2007

ESPERANÇA

"A esperança é um verbo teimoso
que conjuga-se em todos os tempos"

Oldney

TIESPERO

Eu me apego à esperança de dares
Teu amor para o meu coração
E respiro, por todos os ares
Esse amor com paixão, compaixão

Pois espero me dês de presente
No presente um futuro de a-dois
Um amor pra viver loucamente
Nosso tempo diagora-e-depois

Tiamarei, miamarás todavida
Tiadorando o ficar-a-teulado
Declinando o caminho da lida:
O meu mais-que-perfeito passado.

Mas, incauta e insensível, conjugas
Com desdém o verbo nãotiquero
E, teimoso, ignoro tuas fugas,
E tiespero, tiespero, tiespero.

É assim que conjugo, sozinho
O infinito do verbo “tiamar”
Na primeira e única pessoa

Do mais-que-singular.


Oldney

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

FERIDADE


“Põe-me onde se usa toda a feridade,
Entre leões e tigres, e verei
Se neles posso achar a piedade
Que entre peitos humanos não achei”

(Camões – Os Lusíadas – Episódio de Inês de Castro)



Arrastado em alta velocidade
Pelo asfalto do chão da estupidez
É meu próprio coração que sangra
É meu próprio peito que sofre
É minha alma que clama por socorro
Sou eu que morro.

Atada ao desapiedado nó da perversidade
Quem sofreu? Quem penou? Quem morreu?
Presa ao cinto da crueldade insana,
Quem jaz? Eu?
Quem jazeu foi a dignidade humana!

Oldney

Um desabafo, por Sônia Prazeres

"Quem foi arrastado com Hélio?Quantos de nós ainda rola pela avenida atado ao sinto-vergonha, derramando um tanto mais de vida?Quantos de nós vai fazer a via sacra e conseguir entrar em casa junto com os pais de Hélio? Sem sobras de nada no peito, arfante de agonia e oco de indignação, de sentimento da real inutilidade, sento, repenso, escrevo, e deságuo o vexame de saber que continuamos somente sendo como gado. Vivemos, pastamos, comemos, nos embebedamos e alimentamos os donos para que tenham sempre mesa farta. Tanto faz se nosso destino é o matadouro...tanto faz se voltamos às feras, aos círculos romanos, se nos matamos em arenas-estádios de futebol como animais, ou se nos arrastam como nas antigas bigas. Importa é que vem carnaval e se morreu Helio, se morremos mais um tanto, afinal, tudo vai virar pizza, samba e passarela, ópio e bebida.Com perdão da amargura, já faz dias que pulsa uma hemorragia a mais neste peito a mais."

Sônia Prazeres

QUEBRAMAR


A ciência é rocha
A sabedoria é onda
E o vento?
É muralha em movimento
Pensamento em revolução
Tentando jogar-me
Na rocha firme da certeza
E eu resistindo
E insistindo
Em permanecer
Nas ondas revoltas
Do mar bravio
Da dúvida eterna
Pois sei que
No terreno da verdade absoluta
Não terei mais para onde ir.
Oldney
foto: "quantas lágrimas tuas estão aqui?", de Luis Filipe Cabaco. Disponível em: http://www.olhares.com/quantas_lagrimas_tuas_estao_aqui/foto1034383.html. Acessada em 12/02/2007.

Oldney Lopes - Poeta

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Mineiro, poeta, economiário, graduado em Letras, psicopedagogo, orientador de finanças pessoais.
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