quinta-feira, julho 09, 2009

O MENINO



Aquele menino,
A despeito da ditadura do relógio
E das rugas do espelho,
Insiste em viver.

Vez por outra,
Sai do CTI
E salta da maca da maturidade
Pulando, sorrindo, dizendo bobagens,
Fazendo molequices.

Outras vezes
Cai na opacidade,
Torna-se frágil
E desfalece diante da severidade
Do mundo e das pessoas.

Enquanto os antigos livros
Submergem no amarelecimento dos dias
O menino,
De vez em quando,
Traz à tona
Páginas novas, brilhantes, luzentes.

Depois volta a internar-se
No hospital das cínicas veleidades sociais.

Veste a capa da circunspecção.

Adoenta-se por não poder
Gritar seus anseios,
Viver seus desvarios,
Cumprir seus sonhos.

E volta ao coma...

Quando ressurge,
Confrontando-se comigo,
Percebo o quanto permanece sempre o mesmo.

E vejo que quem se esvai,
A cada dia,
Sou eu.



Oldney Lopes©

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Oldney Lopes - Poeta

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Mineiro, poeta, economiário, graduado em Letras, psicopedagogo, orientador de finanças pessoais.
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