sábado, setembro 23, 2006

MORRER DIVERSOS


ESTAR MORTO

(QUANDO ME FALTAM OS VERSOS)


“Agora eu estou morta.
Estou falando do meu túmulo.”
(Clarice Lispector)



Quando me faltam os versos
É o próprio ar que me falta
A própria água e o pão
Quando me faltam os versos
Falta-me a própria razão
Falta o sentido da vida
Faltam-me os pés, falta o chão.

Quando me faltam os versos
Faltam-me o belo e o altivo
O resplendor, o brilhar
Falta-me então estar vivo
Pois vivo de versejar

Quando me faltam os versos
Envolve-me a aura escura
Encarcera-me a angústia
Sufoca-me a amargura

Resta um sol que não fulgura
Flores secas, sem odor,
Restam manhãs sem ternura
Restam noites sem amor
Porque se me faltam versos
Vira o mundo sepultura
Sem alento, sem encanto,
Um existir frio e torto,
Pois dentro de um peito em pranto
Um coração bate morto.


Oldney Lopes

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Oldney Lopes - Poeta

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Mineiro, poeta, economiário, graduado em Letras, psicopedagogo, orientador de finanças pessoais.
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